terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A VIDA NO BOTECO - III


[Tirinha - Zé do Boné]

Bem, voltemos aos dramas da VIDA NO BOTECO.

Embora hoje tenhamos mulheres e homens frequentando botecos, alguns até voltados ao público feminino, o boteco é por excelência um locus masculino. Ainda que alguns defendam que apenas no imaginário.

O fato é que a cultura urbana brasileira criou pra mulher um papel/imagem [estereótipo] qdo o assunto é bar... cabe a mulher, reclamar. Ela reclama e reclama por nada.

O bar seria um adversario da mulher, compete com ela em atenção, fora que é lá que o marido/traste/peça/porcaria/... vai gastar dinheiro do mês. A mulher que se opõe ao bar é descrita como a rabugenta.

Cá, escrevendo, veio me a memória RONDA do Paulo Vanzolini, no qual a oposiçao mulher de casa e mulher da rua, tem o bar como cenário e o que é interessante, é que no bar nao rola nada demais senão amenidades.

De noite eu rondo a cidade
A te procurar sem encontrar
No meio de olhares espio em todos os bares
Você não está
Volto pra casa abatida
Desencantada da vida
O sonho alegria me dá
Nele você está
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse
Esse alguém me diria
Desiste, esta busca é inútil
Eu não desistia
Porém, com perfeita paciência
Volto a te buscar
Hei de encontrar
Bebendo com outras mulheres
Rolando um dadinho
Jogando bilhar
E neste dia então
Vai dar na primeira edição
Cena de sangue num bar
Da avenida são joão


Vale lembrar também de uma outra música A HISTORIA DE LILI BRAUN do Chico com Edu Lobo, que narra a história de uma moça retirada do dancing e trancada em casa. Nunca mais romance.

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de pose em pose
Fui perdendo a pose
Até sorrir feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então
Ficando flou

Como no cinema
Me levava as vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris

E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buque
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turne

Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar

Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz

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