
Batendo a porta é uma parceria do cantor e compositor Joao Nogueira com o muito bom letrista Paulo Cesar Pinheiro. Foi na voz do proprio cantor que a musica foi imortalizada. O eu lirico é um homem diante da mulher [a ingrata... rs! Figura fascinante do samba carioca] que volta a procurá-lo. Ela o deixa, como a faceira de Ary, por uma vida melhor fora da favela. Arrependida ou nao, o fato é que ela torna a procura-lo e ele orgulhoso tenta se mostrar mais forte do que o desejo de ceder.
A música é linda e tem algumas passagens sublimes de delicado rancor muito bem disfarçado como nos versos "pode entrar/A casa é sua/Mas nao repare a casa humilde/ Que voce trocou por um solar".
A imagem da mulher interesseira é recorrente, a figura da mulata que desce o morro e busca ascençao social tendo como mérito o corpo estonteante. No filme Xica da Silva (Carlos Diegues, 1975, Br), a personagem titulo seduz o contratador Joao Fernandes que a compra do seu dono e este e o filho choram num porre a dor da ingratidao da escrava que abandona 'os carinhos' de ambos. A cena é antológica!
Em outro filme do Diegues, ORFEU DO CARNAVAL, de 1998, há uma cena onde a tia de Euridice conta a ela sobre a rainha de bateria que ensaia na quadra da Academicos do Morro da Carioca. Ela também deixou a favela para morar num 'solar'. A personagem de Isabel Fillardis será a proxima a descer, assim que o carnaval acabar. Pelo menos é no que ela aposta.
Mas voltando a musica do Joao e PC, o lindo samba fala dessa mulher fascinante e fiquemos agora com o video de uma apresentaçao do Joao Nogueira no Pelourinho.
Como é que vai?
Saúde boa?
Não foi à toa que você mudou daqui
Pra melhorar
Mas pode entrar
A casa é sua
E não repare a casa humilde
Que você trocou por um solar
Pode sentar
Fique à vontade
Te deu saudade de um amor
Que infelizmente já não há
Pode falar
Pode sofrer
Pode chorar
Porque agora você não me ganha
Eu conheço essa manha
E não vou me curvar, mas
Pode tentar
Pode me olhar
Pode odiar
Pode até sair batendo a porta
Que a Inês já é morta do lado de cá.
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